“Cheguei aqui totalmente derrotado. Perdi minha família, o amor dos meus filhos. Até o dia que resolvi passar pela triagem da Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos e me internar em uma Comunidade Terapêutica para tratar o alcoolismo. Desde aí, passaram-se dois anos. E só por hoje, eu evito o primeiro gole. Pelo o amor das minhas filhas”.

É este o testemunho de Sebastião Gomes, um dos acolhidos pelas Comunidades Terapêuticas (CT) que atendem adictos em estado de vulnerabilidade em Campo Grande. Hoje, longe do vício em álcool, ele trabalha como voluntário na instituição que o acolheu.

Já o professor de Educação Física, Júnior Elias, está contando os dias finais de tratamento. “Dentro da Comunidade Terapêutica encontrei muita paz, um acolhimento que há tempos não sentia e tratado verdadeiramente como um ser humano. Fui assistido não somente de forma física, como também espiritual. Resgatei o amor da minha esposa e das minhas filhas, minha credibilidade. Entro na fase final do tratamento agora, que são nove meses, e tenho certeza que sairei daqui restaurado para corrigir os danos que deixei lá fora” relata.

Sebastião e Júnior também têm algo em comum, além do tratamento em Comunidades Terapêuticas (CTs). Eles e mais outros assistidos das outras 11 instituições parceiras de Campo Grande puderam expor seus produtos que são resultados de oficinas ministradas para os acolhidos quando estão em fase de tratamento dentro das CTs. Muitos deles foram resgatados diretamente das ruas, em estado de vulnerabilidade.

As produções foram disponibilizadas na 3ª edição do Arte, Cultura, Educação, Trabalho, Saúde e Direitos Humanos, uma ação da Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos (SDHU), por meio da Coordenadoria de Proteção à População em Situação de Rua e Políticas sobre Drogas (Coprad) que aconteceu nessa quinta-feira (19) na Plataforma Cultural de Campo Grande. São diversos itens como artesanato, pães, hortifrútis, conservas e mudas de plantas ornamentais.

Representando a Federação Sul-mato-grossense das Comunidades Terapêuticas (Fesmact), Scheila de Fátima Matheus aponta que só é possível realizar esse trabalho graças ao apoio do poder público. “Hoje, nós temos acesso a atendimentos de saúde pública e aos cursos profissionalizantes, graças ao apoio da gestão municipal, que sempre tem nos estendido as mãos. Quero agradecer ao prefeito Marquinhos Trad e ao Subsecretario Amadeu Borges (SDHU) por terem esse olhar sensível junto ao nosso trabalho”.

Para a diretora-adjunta, Bárbara Cristina Rodrigues, a integração dessas atividades são de extrema relevância como ampliação do atendimento terapêutico. Bárbara também comemora os resultados dos trabalhos da SDHU, um referencial em outras cidades do Estado. “Nós já estamos convidados a palestrar em Dourados, Caarapó, Corumbá e Três Lagoas. Hoje mesmo tem dois vereadores aqui (Dourados e Três Lagoas), além de representantes de outras secretarias municipais também”, afirma.

Ainda segundo Bárbara, desde o início do programa, a conclusão dos tratamentos chega a 42% dos beneficiários. “Com isso, conseguimos reinserir os indivíduos na sociedade com a efetivação de políticas públicas como educação, qualificação profissional e empregabilidade”.

O subsecretário da (SDHU) Amadeu Borges relembrou a data escolhida, 19 de agosto, para a realização do evento em homenagem às vítimas da Chacina da Sé, em 2004, quando ocorreu o maior assassinato contra a população em situação de rua da cidade de São Paulo. O episódio matou sete pessoas e deixou seis com sequelas irreversíveis, e até hoje está sem solução.

“Isso nos faz refletir o que é estar em situação de rua. Em síntese, é estar desprotegido, subjugado pelo censo comum, perseguido e excluído da realidade social. Muitas vezes, invisíveis às políticas públicas, em especial, a de proteção social. E é aí que entra os direitos humanos com o positivismo na ideia de limitar as ideias estatais, surgindo então a necessidade de um estado não mais abstenho, tornando-se ativo para realizar a tão almejada justiça social. E nesse contexto, Campo Grande, em atuação conjunta com a SDHU e parceiros, buscam incansavelmente fortalecer políticas e promoção dos movimentos sociais”, diz Amadeu.

O prefeito Marquinhos Trad parabenizou o trabalho e deixou um recado aos adictos assistidos: “Eu acredito em vocês. Acredite você também. Estar aqui é uma vitória e vocês já são vencedores, porque aproveitaram a oportunidade e vão mudar a vida de vocês e de suas famílias”. Também esteve presente o defensor público, Pedro Paulo Gasparini, representando a Defensoria Pública Geral.

A ação dá continuidade às atividades do Programa de Ação Integrada e Continuada (PAIC), desenvolvido pela SDHU, que proporciona a efetivação das políticas públicas voltadas para população em situação de rua, desde março de 2018, baseado no Decreto 7.053 do Comitê POP Rua, da Coordenadoria de Proteção a População de Rua e Políticas sobre Drogas (Coprad).

A 3ª Edição do evento integra as comemorações de 122 anos de Campo Grande e se inclui ao Programa Reviva Mais Campo Grande da Prefeitura Municipal.

FONTE: http://www.campogrande.ms.gov.br/cgnoticias/noticias/acao-da-prefeitura-recupera-assistidos-com-arte-e-cursos-profissionalizantes/

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